"MateMágica" [crônica]
Um “bicho de sete cabeças”. Essa é a
definição corrente para o componente curricular mais temido entre os
estudantes. E, por tabela, professor de Matemática, quase sempre é “carrasco” (vixe, credo
em cruz!). A Matemática é sempre associada a algo complicado, sem sentido e que
só atrapalha a vida do alunado. E por mais incrível que pareça, apesar de ser
professor desta disciplina desde o século passado, pois ingressei no magistério
no ano de 1996, aos vinte e um aninhos – tão cara de moleque que certo dia o
porteiro me barrou pensando que eu era aluno querendo entrar na escola sem
uniforme – também pensava assim, até que descobri a beleza da “Rainha das
Ciências” e decidi fazer do seu ensino minha profissão. E para seu espanto,
meu caro, na Educação Básica, me saía bem melhor nas aulas de Língua
Portuguesa. Notou que redijo tão bem?! Fala sério.
Acho
fantástico o que Galileu Galilei afirmou: “A Matemática é o alfabeto com o qual
Deus escreveu o universo”. E isto procede, haja vista que o mundo que nos cerca
possui certa regularidade e previsibilidade que, se analisadas a fundo, podem
nos deixar perplexos.
Ela é considerada um tipo de
conhecimento “puro”, pois serve de suporte para compreensão das demais áreas do
saber, além de fornecer o instrumental lógico e simbólico para descrever leis,
organizar informações ou mesmo resolver os mais diversos tipos de problemas. É
claro que existem alguns tópicos um tanto complicados para reles mortais como
nós. Álgebra, Cálculo Diferencial e Integral, Topologia, Teoria dos Fractais,
etc. Na maioria deles, até eu levei bomba. Pois é. Ninguém é perfeito. Mas são
as aplicações da Matemática que me fascinam. Alguns exemplos simplórios são as
brincadeiras de criança, os jogos de azar (ou de sorte?), as produções
artísticas que se favorecem das composições geométricas e até aquela Matemática
financeira do dia a dia, cuja ignorância velada pode nos causar prejuízo no
orçamento mensal.
Infelizmente, são poucos os estudantes
que se atém a este fato e a maioria acaba passando pelo ensino fundamental,
médio e até o superior odiando a matéria, desprezando os professores e perdendo
a oportunidade de mergulhar no mundo maravilhoso dos números, das formas, mas
medidas e da resolução de problemas. Em minhas aulas, sempre que possível,
procuro ressaltar os aspectos lúdicos e as possíveis aplicações no cotidiano
dos estudantes. Isto pode ajudar a desmitificar a ideia de que Matemática é
coisa de cientista maluco. Pode até ser, mas Matemática também é coisa de
feirante, dona de casa, cozinheiro, padeiro, vendedor, internauta, turista,
músico, médico, pintor, programador, pastor, taxista, juiz, promotor,
presidiário, adolescente, idoso, homem, mulher, criança, e até... “ao infinito
e além”.
E, “para nossa alegria”, acabei de
lembrar de mais um episódio que, se não compartilhasse hoje, ficaria de
consciência pesada. Algo em torno de “dez elevado à quinta potência de
quilogramas”. Brincadeirinha! Então vamos ao que interessa:
“EJA – Educação de Jovens e
Adultos. Aula de Matemática. Último horário de sexta-feira à noite. E aquele
aluno ‘play boy’ metido a garanhão, sentado no paredão não queria nada com
nada. Mas o que será que o fazia permanecer assistindo aquela aula chata de
Conjunto dos Números Racionais, as famosas frações? Só uma resposta poderia ser
possível: a professorinha. Pitéuzinho, inteligente, charmosa e de voz macia, o
interesse pela mestra era a única coisa que mantinha o garotão dentro da
escola.
“Contudo, ao perceber que nem caderno o
rapaz portava, a bela professora chamou sua atenção: Ô rapaz, cadê seu material
escolar? Assim você não vai aprender nada sobre fração.
“– Desculpe-me, professora, mas
a única coisa que preciso de fração, eu já aprendi – respondeu o jovem com ar
de conquistador.
“Então diga para a classe o que você
aprendeu, então! – exclamou duvidosa a professora.
“O rapaz levantou-se e, em alto e bom
som, bradou: – Aprendi a rezar UM TERÇO, pra arranjar UM MEIO de levar a
senhora pra UM QUARTO.
“Ruborizada, a mestra não teve escolha
e esbravejou: – Já pra diretoria, seu engraçadinho!”
Moral da história: A Matemática é bela
e pode ser mágica, mas também é perigosa, pois o feitiço pode virar contra o
feiticeiro.
E pra finalizar, SOME as vitórias,
DIMINUA a ansiedade, MULTIPLIQUE o há de bom na vida e DIVIDA com quem estiver
mais perto de você. Aproveite o dia e seja feliz!
Penso, logo digo!
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